Sumário

Como citar:
MIRANDA, Jair Martins de. Samba global: o devir-mundo do samba e a potência do carnaval do Rio de Janeiro - análise das redes e conexões do samba no mundo, a partir do método da cartografia e da produção rizomática do conhecimento / Jair Martins de Miranda - Rio de Janeiro, 2015, disponível em: http://sambaglobal.net/web-tese/

Web-Tese – Samba Global     Autor: Jair Martins de Miranda       Orientador: Prof. Dr. Giuseppe Cocco

PONTO DE VISTA 1 – Diário de Viagem: de Oswaldo Cruz ao samba no mundo

Ao rememorar os caminhos que me levaram à pesquisa sobre a globalização do samba para esta tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação do convênio UFRJ/IBICT, fui pego de surpresa com a revelação, a mim mesmo, de alguns fatos esquecidos e de algumas motivações e decisões inconscientes que se confundem com a trajetória da minha própria vida pessoal, profissional e acadêmica. Mesmo ciente, ao assumir a cartografia e a pesquisa-intervenção como ferramenta metodológica para esta tese, que estas não se fundam na experiência passada, mas no refinamento de uma percepção presente, passo agora, em primeira pessoa, a relatar essa trajetória, num exercício quase psicanalítico para revelar a minha relação de pesquisador com o objeto de pesquisa, mas também para assumir um compromisso de política cognitiva que vai além da Academia, tal como KASTRUP, TEDESCO e PASSOS, conceituam “política cognitiva”[1].

Ao longo de toda a tese esse compromisso político e a opção pelo método da cartografia e da pesquisa-intervenção serão revelados, mas começo o relato dessa trajetória com o fato singular da minha vida pessoal de ter nascido no bairro de Oswaldo Cruz, – próximo à Portelinha – antiga quadra do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela[2] – e da casa do grande sambista Paulo da Portela – e, também de ter tido a minha educação primária no mesmo local onde eu morava, ou seja: na Escola Pública Paraguai, localizada no bairro vizinho de Bento Ribeiro, no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro. Explico: como eu, minha mãe e meus irmãos tivemos que sair da casa em que vivíamos em Oswaldo Cruz, foi oferecida à minha mãe – que tinha o sugestivo nome de Brasilina -, então merendeira da dita escola, num ato raro de compaixão e solidariedade da Diretora, a possibilidade dela ser promovida a zeladora e, com isso, de residir com os filhos na residência funcional, própria ao cargo, situada no mesmo quintal da escola. Vivemos lá por dezessete anos, período em que concluí toda a minha formação escolar primária e secundária. Considero esse fato singular, porque ele – e seu contexto sociocultural – foi determinante não só para a minha sobrevivência pessoal, enquanto negro e oriundo de família pobre, mas também para a minha vida acadêmica e as atividades profissionais, políticas e culturais vindouras. Afinal, me tornei professor e sambista, muito provavelmente, influenciado pela vivência com os muitos professores da Escola Paraguai, mas também pelo ideário político do sambista Paulo da Portela, professor da escola de samba que leva o seu nome e de que foi fundador, onde frequento desde criança.

Outro fato que considero ter influenciado na escolha do tema da minha pesquisa foi o de desde cedo admirar e me interessar por Geografia, por História, pelos feitos do sambista Paulo da Portela e, mais especificamente, pelo enredo/profecia “O Samba Dominando o Mundo” proposto por ele e seus companheiros Antônio Rufino e Antônio Caetano para o carnaval da Portela de 1935. É que em 1935, quando ainda se inaugurava timidamente os desfiles oficiais de escolas de samba na cidade do Rio de Janeiro, a então Escola de Samba “Vai Como Pode” – atual GRES Portela – foi consagrada campeã com este enredo, considerado por muitos estudiosos de cultura popular como o primeiro enredo, do primeiro desfile oficial da cidade. Como também uma profecia desse grande sambista, dada a inimaginável importância que o carnaval passou a ter para a cidade, a representação simbólica que o samba adquiriu em todo o Brasil e a grande expansão dessa manifestação cultural brasileira no mundo, nos dias de hoje, entre outras coisas, por conta das redes sociais.

Com certeza, Paulo da Portela não imaginaria para os dias de hoje o advento de uma rede mundial de computadores, informações e intercâmbios culturais que pudesse fazer o seu samba chegar, quase que instantaneamente nos vários recantos do planeta; provavelmente não imaginaria uma aceleração tão intensa do processo de globalização e “transnacionalização” das culturas, que pudesse fazer o seu samba ser cantado e admirado por assumidos sambistas japoneses, alemães, franceses, ingleses e italianos; como também, não imaginaria o surgimento de uma sociedade pós-industrial que pudesse transformar no ambiente virtual de uma “economia dita criativa”, as suas fotos, as suas músicas e os seus pesados disco de 78 RPM em um invisível fluxo digital” e, ainda mais, distribuí-los gratuitamente para todos os cidadãos do planeta sob o rótulo de “creative commons”. Provavelmente ele teria dificuldades para entender como funciona essa “Economia Criativa”; como ganharia dinheiro para sobreviver da sua arte e, é quase certo que desconfiaria da existência de algum intermediário, do tipo mercenário de músicas da época, que estaria vendendo a sua música para uma ávida indústria cultural, daquelas que expropriava a sua criação e explorava a sua principal fonte de trabalho e renda.

Supõe-se – a partir desse exercício de ficção – que essa dificuldade de entendimento do Paulo da Portela, não só pertenceria aos sambistas do passado, como também não é facilmente compreensível para sambistas, músicos e toda sorte de criadores de arte e cultura da atualidade, quando se deparam com a apropriação e reprodução de suas obras nas redes sociais e com essas mudanças tão aceleradas e estruturais nas relações sociais de produção e consumo cultural da atualidade.

Mas essa ideia do Paulo da Portela de dominar o mundo parece que me contagiou também no plano profissional. Tanto, que após a minha formação primária e secundária, me formei oficial de máquinas na Escola de Oficiais da Marinha Mercante – EFOMM e ganhei o mundo: Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro e Madureira, meus locais de domínio geográfico e cultural, ficaram pequenos quando viajei, inicialmente pela antiga Frota Nacional de Petroleiros – FRONAPE – (Subsidiária da Petrobras renomeada para TRANSPETRO) transportando combustíveis derivados de petróleo por toda a costa brasileira, América Central e Arábia Saudita e depois por quase todos os países da Europa, levando suco de laranja a bordo dos navios da Empresa de Navegação Aliança.

Mais do que ter conquistado essa bela e difícil profissão, que abandonei depois de quatro anos embarcado, me dei conta que pelo mar conquistei o mundo, tal como sonhava ainda enquanto aluno do curso primário e secundário, apaixonado por história, geografia e devorador de todos os livros sobre essas matérias na pequena biblioteca da Escola Paraguai, onde morava. Me dei conta também que essa ideia de tese sobre a exportação do samba, inconscientemente, já se esboçava naquela conquista. Vejo hoje o quanto já era latente o meu desejo de mostrar e vender, mais do que petróleo e suco de laranja, aquela nossa cultura do samba de Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro e Madureira para o mundo, visto que eu e outros amigos embarcados, fizemos muito sucesso por onde íamos na Europa com as nossas rodas de samba e batucadas improvisadas.

O fato, porém, é que depois de abandonar a marinha mercante, constituir família e sair da moradia funcional da Escola Paraguai, esse desejo foi interrompido pelo longo tempo que precisei trabalhar em terra (como dizem os marítimos) como técnico de máquinas para manter a nova casa, a família e viabilizar o novo desejo de me formar em História, mesmo com um salário reduzido para aproximadamente 30% daquele que recebia como oficial da marinha mercante. Decisão difícil e corajosa, já que se constituía em uma radical mudança profissional. Foram tempos difíceis, de muito trabalho de dia, de estudo em faculdade particular à noite, já que não existia faculdade pública com curso de História à noite. Conclusão: abandonei o curso de História da Faculdade Gama Filho no quinto período, para ingressar no curso de Arquivologia da UNIRIO, no intuito de manter o desejo futuro de trabalhar com pesquisa histórica. Me formei em Arquivologia em 1983, fiz uma especialização em Análise de Sistemas em 1984, troquei o trabalho de técnico de máquinas pelo de analista de sistema no Pró-Memória – programa extinto do IPHAN – e trabalhei como funcionário da Fundação RIOARTES, órgão extinto da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro, onde coordenei o primeiro censo cultural da Cidade do Rio de Janeiro.

Assim, para fortalecer aquele objetivo inicial de trabalhar com pesquisa histórica, produção cultural e história do samba, conclui o mestrado em Memória Social pela UNIRIO em 1995 e troquei Oswaldo Cruz, Bento Ribeiro e Madureira pela Lapa, bairro/tema da minha dissertação (MIRANDA, 1995), moradia e local de um novo empreendimento musical: O Espaço Cultural Arco da Velha, uma das primeiras casas de música popular brasileira na retomada cultural da Lapa.

Ali, no Espaço Cultural Arco da Velha, entre muitos eventos e espetáculos de samba, choro, jongo, semba, maracatu e outras performances afro-brasileiras sob os Arcos da Lapa, retomei aquele desejo, já não tão inconsciente, de fazer o samba dominar o mundo, quando durante uma oficina de percussão nas vésperas do carnaval de 1997 – que reuniu mais estrangeiros que brasileiros -, criei com a cantora francesa Anne Gaultier, com os percussionistas alemãs Nana Zeh e Christoph Renner, o músico belga Michel Tasky, o cavaquinhista alemão Dietrich Kollöffel, o violonista japonês Ken Aso e os alunos-foliões Chris Graham, Nikki Kemp, Giselle Winston (Inglaterra), Cristina Verga (Argentina) Marie Carlsson, Christina Hök (Suécia) e Franco Cavas (Italo-brasileiro), o “Bloco Carnavalesco Tem Gringo no Samba”.

O desfile inaugural do bloco em plena terça-feira de carnaval na Avenida Rio Branco, lotada de gente, foi ao mesmo tempo um grande êxtase para os “gringos” e um grande estranhamento para o público. A bateria do bloco não era das melhores, mas a empolgação dos componentes arrastou uma multidão de foliões curiosos e incrédulos com o que viam: um bloco só de gringos. Mas o mais incrível é que ao final foram efusivamente aplaudidos, abraçados e aconchegados por aquela multidão de foliões cariocas, numa demonstração típica da hospitalidade brasileira e da capacidade que tem o samba de ser o “dono do corpo” (SODRÉ,1979), de encantar, alegrar e incluir todo mundo na sua cultura.

O “Bloco Tem Gringo no Samba” voltou a desfilar fazendo o mesmo sucesso na Avenida Rio Branco por mais três carnavais, até 2000, ano que por razões particulares, encerrei as atividades do “Espaço Cultural Arco da Velha”. O fato, no entanto, é que tanto o espaço cultural como o bloco me deixaram um legado (empírico) importante e fundamental para o esboço desta proposta de tese: ou seja: uma rede de relações sociais de amantes do samba espalhados pelo mundo, nomeada inicialmente, que me permitiu, financiou e facilitou conhecer in loco muitos outros sambistas, profissionais, grupos carnavalescos e escolas de samba, por exemplo, no “Helsinki Samba Carnaval”, na Finlândia; nos “Samba Parade Paris” , “Samba Parade Marseille” e “Samba Parade Toulouse”, na França; no “Coburg Internacional Samba Festival”, na Alemanha, no “Notting Hill Carnival”, na Inglaterra; no “Asakusa Samba Carnival” em Tókio, Japão; no “Brasilian Street Carnival” nos Estados Unidos, além de sambistas, profissionais, grupos carnavalescos e escolas de samba da Suécia, Dinamarca, Portugal, Espanha, República Tcheca, Argentina, Holanda Itália e Canadá, que passei a conhecer nesses carnavais e em festivais de samba fora do Brasil.

Dessa experiência, memória e trajetória que vai do samba de Oswaldo Cruz ao Samba no mundo, fiz algumas suposições, que me conduziram a algumas vivências e nortearam algumas intervenções no campo de estudo. A opção pelo método da pesquisa-intervenção surgiu daí: da percepção de que essas memórias, experiências e intervenções se apresentavam como fontes privilegiadas para esta pesquisa e eram passíveis de análise científica pela abordagem cartográfica[3], Análise que trago para esta tese na forma de “pontos de vistas”.

A primeira suposição é a de que muitos sambistas, profissionais e produtores do mundo do samba, confundem o fenômeno cultural “samba” com o seu principal evento “carnaval” e, consequentemente subutilizam as virtualidades e potencialidades, tanto de um -enquanto manifestação cultural-, como do outro – enquanto espetáculo turístico ou mega-evento. Desde a Carta do Samba, proposta em 1962, ao fim do Congresso Nacional do Samba, são célebres e eternas as discussões em torno da tradição do samba e da sua descaracterização no carnaval. Como também, a tentativa frustrada de muitas escolas de samba de tentar conciliar as duas coisas[4].

Então, dado que a web é considerada o grande oráculo contemporâneo do conhecimento, resolvemos perguntar ao Google e ao Youtube o que é samba. A análise dessa resposta apresentamos no Ponto de vista 2 – O que é samba?

Sobre o que é carnaval e sua relação com o samba analisamos essa relação de intimidade nos últimos 80 carnavais no carnaval da cidade do Rio de Janeiro, tendo os desfiles das escolas de samba no carnaval carioca de 1935 a 2015 como referência. A análise dessa relação apresentamos no Ponto de Vista 3 – A Potência do Carnaval Depois do Samba

A segunda suposição é a de que o próprio mundo do samba não se conhece plenamente e, em especial, não percebe a importância cultural do samba e potência do carnaval como agregadores de valor simbólico à marca que o Brasil hoje projeta para o mundo.

Dessa suposição, optei por resgatar as obras e os feitos do escritor Edison Carneiro (CARNEIRO, 1961,1962, 19780), para homenagear o seu centenário de nascimento e reeditar, em dezembro de 2012 – após 50 anos da primeira edição que ele criou -, o Congresso Nacional do Samba, para propor uma releitura da “Carta do Samba”[5], documento-moção, que resultou daquele primeiro congresso de 1962 e, que por sua importância, instituiu o Dia Nacional do Samba. Dessa proposição surgiram conferências, debates e artigos, compilados no documento “Anais do 2º Congresso Nacional do Samba” (MIRANDA, UCHOA, 2012)[6] e a sugestão do Prêmio Edison Carneiro, consideradas fontes privilegiadas das análises para esta tese, apresentadas no Ponto de Vista 4 – “O mundo do samba”.

A terceira suposição é a de que muito mais que um gênero musical, uma dança ou as performances espetaculares dos desfiles de carnaval – transmitidas ao vivo para mais de 150 países pela TV Globo Internacional -, o que o samba parece vender para o mundo, é aquele Mûmtu, de que nos fala KU-FIAU, aquela Alegria , de nos fala SODRÉ, aquele Amor de que nos diz (NEGRI&HARDT), aquele Devir, de que nos fala (COCCO), aquela Força motriz, de que nos fala (LIGIÉRO), aquela Potência que nos diz (ESPINOZA) e/ou aquele Encantamento, oriundo de uma filosofia ou cosmovisão africana, sobre a qual também nos fala (OLIVEIRA).

Dessa suposição, surgiram as viagens de observação dos eventos de samba pelo mundo, os eventos presenciais e anuais no Rio de Janeiro denominado “Encontro Internacional de Samba e Carnaval” e a própria proposta desta tese. A análise dessas vivências e proposições são apresentadas no Ponto de Vista 5 – “O samba no mundo”

 A quarta suposição que pude ter da experiência com as relações sociais que estabeleci, é a de que os agentes do mundo do samba, tendo a cidade do Rio de Janeiro como referência, estabelecem pouca conexão com os agentes do samba no mundo e, por consequência, desconhecem esse fenômeno da globalização do samba e da mundialização do carnaval carioca.

Dessa suposição, sugeri em 2006, a proposta de uma rede internacional de sambistas na web, através do “Projeto Samba Global” (www.sambaglobal.net), sob a chancela do CRIAR – Centro de Referência e Informação em Artes, Entretenimento e Cultura Brasileiro, associação cultural, que criei. Essa proposta foi atualizada em 2012, no link “Samba no Mundo” da “rede de agentes de samba e carnaval”, através do projeto de extensão “Portal do Carnaval”, que coordeno na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO (http://www.portaldocarnaval.net.br/sambaNoMundo).

Assim, com o instrumental da Cartografia e da Pesquisa-intervenção, extraio dessa vivência das redes virtuais do samba, observações que considero importantes para esta tese e que são apresentadas, como proposição, no Ponto de Vista 6 –“Samba Global – Rede Internacional de Samba e Carnaval”

Entendendo o método da Cartografia e da Pesquisa-Intervenção como uma ação contínua e sempre aberta a novos devires sobre o campo estudado, me ocupo, desde dezembro de 2013, do desenvolvimento de uma rede de agentes de samba e carnaval, instalada no site “Portal do Carnaval” (www.portaldocarnaval.net.br), como também da continuidade das novas edições do Congresso Nacional do Samba (agora bianual) e do levantamento e a eleição de iniciativas exemplares para o “Prêmio Edison Carneiro (www.portaldocarnaval.net/premio) – que passou a se integrar ao Congresso Nacional do Samba -. Projetos que coordeno na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO com a parceria das principais associações de carnaval – como LIESA, LIERJ, AESCRJ, AMEBRAS, SEBASTIANA e FBCERJ.

Estas proposições contínuas da rede, do congresso e do prêmio, buscam não só dar conta daquele desconhecimento que o próprio mundo do samba tem de si, mas também ampliar as oportunidades oferecidas aos sambistas e trabalhadores criativos pela expansão do samba e do carnaval brasileiro no mundo, uma vez que esse trabalho criativo na área do samba e do carnaval no Rio de Janeiro e também fora de suas fronteiras, ainda é exercido em sua maioria na informalidade por artistas, sambistas e trabalhadores negros e pobres, historicamente expropriados da sua cultura e da sua força de trabalho pelas próprias escolas de samba, instituições culturais (públicas e privadas), por produtores culturais (nacionais e internacionais) e por sofisticadas estratégias de marketing de grandes empresas patrocinadoras[7], em nome do que se convencionou chamar de Economia Criativa.

Portanto, por ser aberta e contínua – mais direcionada para ser disseminada, discutida e atualizada na web, do que encerrada numa gaveta – a proposta desta tese é que ela seja uma web-tese[8], ou seja, uma publicação aberta que tenha sempre um “Recomeço”.

 

Fig. 3 – Home page da web-tese Samba global

Fig. 3 – Home page da web-tese Samba global

A partir dessas contínuas vivências, intervenções e proposições, busco nesta web-tese e através do método da Cartografia e da Pesquisa-Intervenção, semear e produzir – com a metafórica enxada – um conhecimento que seja capaz de proporcionar formas alternativas de emancipação política e de empoderamento desses sambistas e trabalhadores criativos do carnaval contra as novas tramas empreendidas pelo capitalismo global de se apropriar e capitalizar apenas a seu favor o Mûmtu, Asé, Alegria, Devir e Amor e/ou o encantamento próprios do samba e dos sambistas brasileiros e não brasileiros, mundo afora. É esse o meu compromisso de política cognitiva.

 

[1] O conceito de política cognitiva proposta pelos autores busca evidenciar que o conhecer não se resume à adoção de um modelo teórico-metodológico, mas envolve uma posição em relação ao mundo e a si mesmo, uma atitude, um ethos. Assim, apontam que o cognitivismo, e com ele os pressupostos do modelo da representação – a preexistência de um sujeito cognoscente e de um mundo dado que se dá a conhecer – não é apenas um problema teórico, mas um problema político (KASTRUP, 2008).

[2] http://www.gresportela.org.br/portelinha/

[3]

[4] Escolas tradicionais como Império Serrano e Portela, por exemplo, há muitos anos não conseguem se adequar à nova estética dos desfiles e não conquistam campeonatos.

[5]

[6] Acessível em: http://www.portaldocarnaval.net/premio/images/Anais_do_2%C2%BA_Congresso_Nacional_do_Samba_Vers%C3%A3o_Final.pdf

[7] O título do espetáculo SAMBRA, por exemplo, patrocinado pelo Banco Bradesco e que conta a história do samba, tenta vender muito mais a ideia do SAMba , como um produto do BRAdesco do que um bem comum brasileiro.

[8] Acessível no endereço: www.sambaglobal.net/web-tese

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